O meu regresso…

Aqui estou!... Não foi fácil chegar aqui, desta vez! Foi bem pior do que a primeira, em que vim para a Polónia, cheia de malas, de dúvidas e de receios… Não dizia uma palavra em polaco, nem fazia a mínima ideia para onde ia, nem o que ia encontrar. Mesmo assim, foi fácil! Desta vez, com menos malas, com mais conhecimentos, dos lugares da língua, foi bem mais difícil… Chorei menos à partida, em Lisboa, graças ao conforto que recebi dos meus amigos e do Miguel, que sabe sempre ajudar-me quando eu preciso. Pior foi aterrar em Varsóvia e saber que não ia tomar café ao fim do dia com os meus amigos, que não ia esperar que o Miguel saísse do trabalho para irmos juntos para casa, não ia combinar mil e uma coisas para fazer durante o dia… Foram assim as minhas férias! As melhores que já tive até hoje! Se calhar ajuda o facto de estar longe e valorizar todos os momentos que passei com os meus amigos, a minha família (em crescimento quase constante), e, claro, com o Miguel… Não se admirem, estou assim desde ontem! Bastava um abraço de alguém, dizer “Miguel” ou lembrar Portugal que chorava sem parar! O motivo pelo qual fiquei assim ontem foi por saber exactamente o que quero fazer na minha vida, onde e com quem quero estar no meu futuro. Não é aqui!
Mas ontem nem tudo correu mal. A Polónia é um país de pessoas extremamente amigáveis… Os homens pelo menos são muito cavalheiros. Quando andava às voltas pelas estações de comboios e autocarros de Varsóvia, à procura da melhor ligação para a minha cidade, parecia que tudo era mau… Só me apetecia chorar! Após vários esforços consecutivos para controlar as lágrimas, houve uma situação que despoletou um ataque compulsivo… Estava eu em frente às escadas, com a mal de 22 Kg pousada. Pensava que tudo era um erro, porquê tinha de passar por esses momentos, quando de repente um senhor pergunta se eu preciso de ajuda. Agradeci imenso e desatei a chorar… Ele olhou para mim e eu senti necessidade de dizer qualquer coisa, “estou muito triste” (em polaco, claro). Ele pousou a mala e só respondeu “vai ser fácil”… Não me vou esquecer disso! Na altura só me fez chorar mais, de emoção, de gratidão, de pena por me sentir fragilizada… Não sei por quê, talvez por tudo. Mas sei que aquelas palavras foram marcantes e hei-de sempre recordá-las quando me sentir mais triste ou desmotivada!
Passando o corredor, mais umas escadas, 5 segundos, outro rapaz com a minha mala, sem eu ter de pedir… Só chorava! Há quem diga que é por eu ser rapariga que não preciso de pedir ajuda. Eu discordo! Nunca me aconteceu o mesmo em Portugal, e lá sou a mesma rapariga! São os polacos que são, de facto, muito cavalheiros!
Passei o dia inconsolável, até ter ido à Internet falar com alguns de vocês e com o Miguel. Com ele só chorava, mas ele só se ria! Parecia uma cena de novela, quando há uma histérica que quando ouve uma palavra ou quando diz outra começa a chorar… Até eu já me ria! O que é facto é que falar com os meus amigos ontem à noite deu-me força. Sei que estou aqui por opção e também sei que esta experiência tem mais aspectos positivos do que negativos. Não vou ser impulsiva e desistir assim. Penso voltar a Portugal antes do previsto inicialmente (Julho), mas tenho de fazê-lo com calma e responsabilidade. Vai tudo correr bem, espero!