PORTUGALKA

Uma Portuguesa na Polonia...

sábado, julho 22, 2006

Como tudo comecou...

A viagem

Estou na Polónia há seis dias… E já tenho tanto para contar!
Tudo começou na viagem… Falemos do empresário português que vive na Polónia (entre outros países) e veio comigo desde Frankfurt até Varsóvia e dos três rapazes que vieram no comboio comigo, desde Varsóvia até Olsztyn! Nem sabia como lhes agradecer! Foi surreal, parecia que tudo girava à minha volta e que quando precisava de ajuda aparecia alguém… foram todos muito simpáticos e ajudaram-me imenso a transportar os 40 kg de bagagem que trouxe comigo… Eu sei, não precisam comentar! Até o rapaz do chek in foi espectacular para mim! Estava eu num vale de lágrimas (porque só me apercebi de tudo quando saí de casa em direcção ao aeroporto) e o rapaz disse que não cobrava o excesso de peso por eu estar naquele estado (normal em quem vai para a guerra contrariado…). E mais, ainda me disse que quando voltasse para Lisboa, ou chorava outra vez, ou trazia metade do peso (o permitido!).
Como vêm, tudo começou muito bem!

A chegada

Quando saí de Olsztyn em direcção a Mragowo deixei para trás três rapazes a acenar, a mandar beijinhos e a pedir para dar notícias, como se fossem os meus melhores amigos! Quando cheguei à ‘minha’ cidade olhei em toda a volta e não vi ninguém à minha procura… Devem imaginar como esses segundos são aterradores: “ninguém me veio buscar!”, “o que é que eu faço?”, “eu nem sequer sei dizer uma palavra em polaco…”. Deu tempo para pensar em tudo, mas de repente vi uma senhora loura vir na minha direcção, que me disse qualquer coisa parecida com o meu nome... Era Ewa, a minha mentora durante o projecto. Só tive tempo de afirmar com a cabeça que era a mim que ela procurava, porque, de repente, ela pegou nas minhas malas, como se pesassem 2 kg, e jogou para dentro de um carro de outra senhora loura! Manobra após manobra (tira a cadeira do bebé, afasta o lixo, joga a mala para aqui, depois empurra para ali) entraram no carro e eu deduzi que também devia entrar! A viagem durou cinco minutos, mas bastou! As duas falavam numa língua estranhíssima, como se eu não existisse, pois em nenhum momento trocamos olhares ou palavras… Confesso que foi bastante estranho!

A casa

Chegando a casa apercebi-me que tinha um quarto para mim, onde deixei as malas. Depois veio a parte pior… comunicar com a Ewa! A primeira coisa que fiz foi agarrar no dicionário. Procurei a palavra “fome” e “jantar” para tentar explicar que estava esfomeada, pois não tinha sequer almoçado e já eram 9 da noite! Não foi nada fácil... dias mais tarde ela disse-me que pensava que eu não queria comer! Mas, mesmo assim, deu-me um chá e uma fatia de bolo de chocolate, que estava óptimo. Eu pegava no dicionário, depois ela pegava e lá tentávamos comunicar! Por fim, depois do chá e do bolo, ela percebeu que eu queria mesmo jantar e deu-me duas pernas de frango com pimento verde às tiras. Fiquei bem!
O quarto é bem confortável. Pertence ao filho da Ewa, o Michal (não é bem assim que se escreve… letras polacas!!!), mas disseram-me desde o primeiro momento que era o meu quarto, inclusive o rapaz, que é muito porreiro e fala inglês! Além da cama ser confortável, tenho o computador no quarto, com Internet… a minha ligação a Portugal!

A família

A família é toda muito simpática! O marido da Ewa, Darek, é super engraçado! Diz palavras soltas em inglês (como ela), mas faz de tudo para comunicar comigo! Aliás, muitas vezes estamos no meio da casa a gesticular e a rir à gargalhada das nossas figuras. Além dos gestos também usamos os sons, os desenhos e, claro, special book (o nome que a Ewa dá ao dicionário). A filha deles tem 9 anos, Alicia e foi quem me deu pequeno-almoço na minha primeira manhã na Polónia! Estava ela com quatro amigas a brincar às bonecas, mas deixou tudo para me dar pão e tudo o que alguém lhe disse para fazer… As outras meninas espreitavam uma a uma para a cozinha, olhavam-me com aquele ar curioso típico das crianças e esboçavam sorrisos muito tímidos. Eu tive a certeza que estava na Polónia, são todas tão lourinhas e têm olhos claros… pedi para tirar uma fotografia, claro! Ao que parece todas gostam muito de mim!
Quanto à família, já me disseram, por intermédio do meu coordenador, que gostam muito de me ter em casa, pois é sempre uma animação e assim nunca se aborrecem! Eu digo o mesmo… eles são mesmos fixes e tentam ajudar-me com tudo. Mas o mais importante é que eu sinto-me em casa!
Não podia deixar de falar da Snoozy, a gata da casa. Tenho a mala num canto do quarto e parece que agora é a nova cama da Snoozy… muitas horas passa comigo e é uma óptima companhia, parece que me entende!